quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SOZINHO AO REDOR DO MUNDO, de Joshua Slocum

Por Ulisses G. Amaral

Mais um livro que me foi recomendado pelo colega Marcelo Brito, aposentado, porém muito ativo.
Esta obra é emblemática no mundo da vela. É considerada a obra fundamental entre proprietários de veleiro ou aficionados pelo iatismo e pelas histórias do mar. Toda essa tribo já leu este livro, o que fez dele um Best-seller. Por isso mesmo é dificílimo encontrá-lo à venda; tentem na Estante Virtual (estantevirtual.com.br). A Livraria Cultura se propõe a entregá-lo, mas é a edição portuguesa, em português de Portugal. O grande sucesso desse livrinho (digo livrinho porque são umas 200 paginas) é o fato de ele narrar a primeira circunavegação do globo em solitário. Um livro não só para se ler, mas para se reler, manter e recomendar aos amigos. Embora o autor não seja um literato, mas um comandante profissional de navios cargueiros – testemunha daquela época de transição entre a vela e o vapor -, o estilo é surpreendentemente refinado, poético mesmo. Uma leitura agradável, bem humorada e cheia de surpresas. Como sei da dificuldade de encontrar este livro, resolvi reproduzir in totum o comentário de capa, para que se tenha pelo menos uma idéia do feito do autor: Assim como Vasco da Gama abriu as portas da verdadeira navegação oceânica de nossa era, Joshua Slocum e seu valente Spray nos mostraram que era possível dar-se a volta ao mundo num barco pequeno e com toda a segurança. Slocum dispensa apresentações e pode ser considerado até hoje como o verdadeiro patrono da navegação esportiva. Foi ele o primeiro homem a velejar sozinho em redor do mundo. Antigo capitão profissional dos grandes veleiros do século retrasado, este canadense, naturalizado americano, encontrava-se desempregado, em terra, quando em 1892 recebeu de presente de um amigo um velho casco ostreiro de mais de cem anos de idade e que se encontrava encalhado numa pastagem à beira de um rio. Com suas próprias mãos e quase dois anos de trabalho, Slocum reconstruiu-o, “tábua por tábua, caverna por caverna”, utilizando apenas as formas e dimensões do barco antigo. Em 1895 partiu de Boston numa viagem épica que durou três anos e, em 1898, tornava a ancorar no mesmo lugar, trazendo seu Spray “o mais perto possível do lugar onde nascera e amarrando-o no mesmo poste que servira para ajudar a seu lançamento às águas...”

Nestas 46.000 milhas percorridas solitariamente, Slocum nos fala do mar e das ondas com a sabedoria de quem os conheceu intimamente durante mais de trinta anos de carreira, dos povos e costumes dos países que visitou, das travessias e dos ventos. O texto, magnificamente escrito, pode ser comparado às aventuras marítimas de Jack London, com a ressalva feita de que London era um escritor que navegava, Slocum era um navegador que escrevia.

CADERNO DE LITERATURA
Organizador: Ernesto Fonsêca
Editor: Almir Júnior
4ª Edição, 26 de agosto de 2009

Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991. (206 páginas)
Disponível para empréstimo em:
http://www.associacaobjc.org.br/