Nos idos de 1845, a maior potência naval do mundo – então a Inglaterra – armou uma flotilha de dois navios com o que havia de mais moderno à época. A missão: procurar um canal de ligação entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. A tripulação era toda veterana; não havia lugar para marinheiros de primeira viagem, haja vista os desafios que se anteviam. Apesar da alta qualidade material e humana empregada, as dificuldades foram imensas e os cenários inéditos devido ao total desconhecimento da região. A empresa resultou num fracasso retumbante devido à conjunção de vários fatores adversos, entre eles um inimigo solerte, invisível e desconhecido até então, fruto da burocracia estatal e da ganância de fornecedores do Almirantado inglês. O autor, um historiador competente e detalhista, mas sem resvalar para o prolixo ou monótono, traça um panorama muito interessante sobre as relações humanas na sociedade inglesa de então, a mobilidade na hierarquia da Marinha de Sua Majestade e sobre aspectos urbanos da Londres insalubre da época de Jack, O Estripador.
SINOPSE DA OBRA – O que transformou a maior expedição ártica do século XIX na maior tragédia de que se tem notícia? Miragem Polar investiga um dos mistérios mais duradouros nos anais da exploração – a desconcertante desaparição da maior e mais bem equipada expedição de seu tempo. Conduzida pelo veterano explorador ártico Sir John Franklin, dois navios e 129 homens escolhidos a dedo partiram da Groenlândia em 12 de julho de 1845, à procura de um caminho navegável que ligasse o Oceano Atlântico ao Pacífico. Era a expedição mais avançada tecnologicamente do século XIX – o programa Apollo daquela época.
Os navios eram revolucionários: blindados com ferro, com a força de uma locomotiva e aquecidos a vapor; equipados com dessalinizadores, comida em lata – uma inovação recente – as primeiras câmeras do mundo, e outros mecanismos ultrasofisticados. Em 26 de julho de 1845 os navios foram vistos pela última vez por duas embarcações pesqueiras em Baffin Bay. Nos próximos 14 anos, mais de 15 expedições percorreram o ártico à procura de Franklin e seus homens. Em 1859, na desolada Ilha King William no coração do arquipélago ártico, os exploradores encontraram evidências da catástrofe: uma montanha de equipamento abandonado, dois esqueletos e uma mensagem horripilante.
Assinada pelo segundo em comando da expedição, a mensagem dizia que após dois anos presos no gelo, os navios de Franklin haviam sido abandonados em abril de 1848. Vinte e quatro oficiais e marinheiros, incluindo Franklin, já estavam mortos há mais de dez meses antes de os navios serem abandonados. Os 105 sobreviventes iniciaram uma marcha de 900 milhas em direção ao continente numa tentativa de alcançar a salvação. A mensagem não informava o que causou as mortes e o que fez com que os homens abandonassem os navios para tentarem a sorte sobre o gelo. Nos anos seguintes, os esqueletos de mais 20 membros da expedição Franklin foram encontrados espalhados ao longo do caminho, com claras evidências de que os homens recorreram ao canibalismo como meio de sobrevivência. O resto da equipe desapareceu sobre o ártico.
O que quer que tenha sido – ou quem quer que tenha sido – responsável pela tragédia, estará sempre aberto a debate. Em Miragem Polar, Scott Cookman nos traz um relato inesquecível da expedição, reconstruindo as vidas e os eventos da viagem que começou com a certeza de sucesso e terminou em esquecimento. Baseado em novas pesquisas, Cookman sugere que os erros foram humanos e revela uma nova explicação aterrorizante que detonou o fracasso da empreitada.
CADERNO DE LITERATURA
Organizador: Ernesto Fonsêca
Editor: Almir Júnior
9ª Edição, 30 de setembro de 2009
Editor: Almir Júnior
9ª Edição, 30 de setembro de 2009