terça-feira, 22 de setembro de 2009

ALÉM DO FIM DO MUNDO, de Laurence Bergreen

Por Ulisses Amaral
Li este livro há uns dois anos e posso garantir que me diverti muito, o que me fez recomendá-lo a várias pessoas. A saga do navegador português Fernão de Magalhães é contada de maneira a prender a atenção e despertar a curiosidade do leitor. É rico em detalhes históricos e em intrigas palacianas das cortes portuguesa e espanhola, por onde o protagonista transitou em épocas diferentes, sempre em busca de proteção e/ou patrocínio. Armar uma pequena esquadra e se aventurar por um mar desconhecido era necessário mais do que simplesmente atavismo e conhecimento náutico; era necessário muita coragem, bravura mesmo! Um dos grandes problemas nessas situações era manter a disciplina a bordo. Homens rudes, confinados em espaço limitado por longos períodos de tempo e grande desconforto estão sempre dispostos à insubordinação e às soluções extremas. Eram os tempos da Inquisição espanhola, a qual foi particularmente violenta, e a disciplina naval da época tinha por hábito copiar as práticas penais (entenda-se, terríveis torturas) da Santa Inquisição. E Fernão de Magalhães, com mão de ferro, usou e abusou delas. Entenda a situação: um navegador português (Magalhães), chefiando uma esquadra de bandeira espanhola, mantendo sob disciplina severa oficiais igualmente espanhóis. SINOPSE – Em Além do Fim do Mundo, o renomado jornalista e escritor Laurence Bergreen narra, com riqueza de detalhes e inúmeras revelações, a verdadeira história da incrível circunavegação de Fernão de Magalhães – uma odisséia pontuada por tormentas, motins, violência e luxúria – cujas transformações repercutem até os dias de hoje. Fruto de extensa pesquisa, o livro oferece uma nova visão da primeira travessia em volta do globo. Bergreen descreve a violência usada por Magalhães para conter os motins de seus marinheiros, assim como as práticas sexuais incomuns experimentadas pela tripulação, das orgias no Brasil aos costumes bizarros do Pacífico Sul. O livro apresenta um passeio no tempo, que nos leva a um mundo que saía da Idade Média e entrava na Renascença e no qual se acreditava que os mares longínquos eram habitados por terríveis monstros. A descrição da travessia é um inventário antropológico de tribos, línguas e costumes desconhecidos na época, e uma crônica da tentativa dos diversos países europeus de assumir o controle comercial e político de territórios distantes.
CADERNO DE LITERATURA
Organizador: Ernesto Fonsêca
Editor: Almir Júnior
8ª Edição, 21 de setembro de 2009